04 dezembro, 2009

bicicleta


A única lembrança razoável que tenho do meu pai foi que ele me ensinou a andar de bicicleta. Lembro de ter uma bicicleta que ele me deu, depois uma laranja que meu vô me deu, depois uma azul. Não sei qual foi o fim de nenhuma delas.

Bicicleta sempre foi meio neutro, entre os patins que eu gostava e o skate que vários outros gostavam. Andávamos na rua toda criançada, lembro quando era emocionante dar uma volta no quarteirão, bacaníssimo andar pela calçada, brincar de siga o mestre... e empinar? Uou! Uma vez um amigo estava empinando e a roda da frente saiu da bicicleta, poft! Outra vez eu joguei um pedaço de vassoura na roda de outro amigo e ele caiu. Depois apanhei dele como nunca mais apanhei na vida.

Comprei hoje, R$250 reais no Tito, lojinha que durante minha infância inteira eu fui arrumar minhas bicicletas, ele não lembrava de mim obviamente, mas lembrava do meu avô. Sempre gostei da idéia de bicicletas como meio de transporte, mas nunca achei que realmente desse certo. Resolvi ir hoje ao trampo de bike!

Moro no carrão e trabalho no Jardins, eis o mapinha:



Saí de casa animado, e antes de 200m caiu a corrente, beleza, arrumei. Fui pra ciclovia da Radial, caiu denovo e arrumei, percebi que era uma marcha x que fazia a corrente cair e não coloquei mais nela. Qual não foi a minha surpresa quando vi que a ciclovia acabava no Tatuapé, ou seja, a partezinha vermelha no mapa. Depois adrenalina pura.

Quando eu andava de patins adorava pegar rabeira, tesourar carros e causar pra caralho. Mas pelo contrário fiquei me cagando de medo dos carros e principalmente caminhões e ônibus, os caras são totalmente sem noção com bicicletas, tomei centenas de buzinadas mesmo indo pelo cantinho e tal. Me cansei algumas vezes, parei pra respirar mas não andei nem 1m sem ser pedalando.

Depois, diferente do que mostra no mapa, eu subi a Augusta, onde o meu pedal quebrou e tive que parar na Haddock pra comprar, por R$20, outro. A travessia durou 1h30 e cheguei na livraria todo ridículo orgulhoso, as pessoas comentavam 'não acredito' e eu, bem idiota, ficava feliz.

A volta foi mais rápida e mais tranquila. A Radial não tava tão cheia, descer a Consolação é ótimo e choveu água de piscina no calor em mim. Mesmo com o óculos todo molhado ignorei e fiquei feliz com a chuva. Ah, esqueci de falar dos buracos. Várias vezes uns buracos surreais brotavam e eu me cagava mais ainda, já pensou perde o equilíbrio cai no chão carro passa e já elvis. Não me cansei e adorei mesmo, mas não sei se quero ir denovo.

Quero ciclovias. Chegando na minha rua, andei pela calçada e guardei a bicicleta como eu fazia há 15 anos atrás.

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