30 julho, 2008

Aguçar

Quero explodir em trilhões de partículas e me gozar de sentidos mil.

Sentir a água, o amor, o deserto, o desespero e você e eu.

13 julho, 2008

chico


"Deixe em paz meu coração

Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água"

02 julho, 2008

Cadeira


Ele estava sentado em uma cadeira. Pareciam anos sentado, mas sabia que as horas perdiam todo o sentido de contagem daquele lugar, aquele lugar dentro de si. Passou um tempo, tempo considerável naquele não-tempo, pensando se ainda conseguiria se levantar.
Seus olhos olhavam fundo, no fundo daquele nada, tenha a certeza que na improvável chance de alguma coisa aparecer bem a sua frente o foco de seus olhos não mudaria. Continuaria sentado olhando o fundo.
As pernas são uma particularidade. Seu medo estava nelas, acreditava que não o aguentariam mais, desacostumaram das já tão distantes - em espaço e tempo - caminhadas. Como que conseguem as pernas serem novas e já tão calejadas? Durante o tempo que passou lá, embora não levantasse, balançava as pernas. Pensava que conseguiria mantê-las firmes mas hoje vê que só ajudou a se desfazerem.
Passaram. E não cabe a você imaginar o que, passaram o nada e o tudo nesse não-espaço, nesses bilhões de segundo que não existiram. De balançar de pernas e de um medo constante que perdeu sua característica de medo por não haver algo contrário. Passaram.

Nesse momento que está lendo, ele começa a se levantar. Treme as pernas. Pensa que conseguiu, mas começa a cair. Uma mão fria, cálida e de um braço branco aparece. Ele segura a mão e sente a fraqueza alheia. Parece não querer se esforçar para levantá-lo. Ele cai.
Ao levantar, sai andando pelo nada. A dona da mão e do braço anda na mesma direção, uns metros ao seu lado.